ENTREVISTA COM ADAM CURTIS

Entrevista recente a Adam Curtis na “The Economist” ainda à volta do seu último documentário, o fundamental “HyperNormalisation” (2016), a propósito do qual escrevemos aos nossos alunos do 1.º ano há dois anos, pouco depois da eleição de Donald Trump, o seguinte:

“À margem da matéria semanal do curso, porém no centro da nova realidade política, económica, tecnológica e social que se vai estabelecendo, e que teve na madrugada da passada 4.ª mais um importante capítulo, convidamos-vos a ver “HyperNormalisation”, documentário de Adam Curtis, eminente documentarista televisivo.

Passou recentemente na BBC, normalmente associada a documentários mais convencionais na forma e conteúdo. “HyperNormalisation” afasta-se, como outros trabalhos de Curtis desenvolvidos na estação pública britânica, da “qualidade” BBC mas também de muitos subprodutos documentais alimentados por teorias da conspiração vãs e com argumentários pobres e simplificações mais ou menos primárias que servem a confusão e a paranóia e desviam-nos da essência dos problemas e da sua complexidade.

A seu tempo no curso teremos uma aula dedicada à propaganda, matéria que nos ajuda a perceber e a problematizar a actualidade, no mesmo movimento que arquitecta este filme, ler a História para compreender a realidade presente, por mais difusa e intrincada que seja.”

No ano passado, voltámos a escrever algo semelhante aos nossos alunos a propósito da eleição de Jair Bolsonaro, que coincidiu com o período em que se estudava no nosso curso do 1.º ano John Grierson, um homem inquietado com o estado do mundo antes e durante a Segunda Grande Guerra, e que viu no documentário (palavra que em parte lhe devemos) uma força actuante sobre a vida dos homens e o lugar para uma voz objectiva que consciencializa e repudia o fascismo.

Estes são outra vez tempos evidentes de fascismo. Voltemos, então, a um documentário como uma máquina anti-fascista, do mesmo modo designada que a guitarra de Woody Guthrie (pela célebre inscrição “This machine kills fascists”), homem que cantou o racismo de “Old Man Trump”, isto é, Fred Trump, pai do actual presidente norte-americano.

Este ano convidamos a todos a ler esta entrevista a Adam Curtis e, àqueles que ainda não o fizeram, a ver “HyperNormalisation”. É urgente ver. É urgente pensar. É urgente actuar, nem que seja com uma guitarra ou uma câmara. E que se desenvolva a tal dinâmica humana, de que fala o Sr. Curtis, para a seu tempo se verificar o seu optimismo.

 

A entrevista:

https://www.economist.com/open-future/2018/12/06/the-antidote-to-civilisational-collapse

 

O filme (após mensagem de vídeo indisponível, clicar em “Ver no YouTube”):

 

Um bom ano a todos.