R.I.P., HASKELL WEXLER

Perto do final de 2015, a 27 de Dezembro, o mundo viu partir Haskell Wexler aos 93 anos, recordado acima de tudo como um histórico director de fotografia (“The Savage Eye”, inovador documentário encenado; os famosos “Who’s Afraid of Virginia Woolf?” e “In the Heat of the Night”; “Bound for Glory”, filme pioneiro na utilização de Steadicam; ou “Days of Heaven”, de Malick, em que dividiu a muito celebrada fotografia da película com Néstor Almendros). Contudo, Wexler foi também realizador do fundamental “Medium Cool” (1969), que de forma inventiva integrou uma ficção, tendo Robert Forster como protagonista, com registos documentais dos tumultos ocorridos durante a Convenção do Partido Democrata de 1968 em Chicago.

Foi ainda um importante documentarista que iniciou a obra com “The Living City” (1953), no qual recorreu “avant la lettre” ao efeito Ken Burns, muitos anos antes deste e 4 anos antes de “City of Gold”, de Wolf Koenig e Colin Low. Dedicou-se posteriormente a documentários de teor político como “The Bus” (1965), sobre o movimento norte-americano dos direitos civis; “Brazil: a Report on Torture” (1971), realizado com Saul Landau, focando as experiências de prisioneiros políticos brasileiros; o arrojado “Introduction to the Enemy” (1974), que acompanhou Jane Fonda em visita ao Vietname do Norte em plena guerra; “Underground” (1976), co-dirigido por Emile de Antonio e Mary Lampson, sobre o grupo radical Weathermen; “War without Winners” (1978), filme educacional anti-nuclear com Paul Newman; ou o mais recente “Four Days in Chicago” (2013), para o qual captou, como em “Medium Cool”, conflitos de rua na sua cidade de origem, desta feita relacionados com protestos do Occupy Movement e de outros movimentos contra a indústria de guerra dos Estados Unidos.

 

“Haskell Wexler: Tell Them who You Are” (2004), realizado pelo seu filho Mark Wexler: