30 ANOS DA MORTE DE LEO HURWITZ

A última sessão do podcast Doc.Online, que o KINO-DOC produz para a Universidade do Porto (a ser retomado na próxima semana) foi dedicado a “Strange Victory” (1948), filme baseado num paralelismo arrojado entre o anti-semitismo nazi e o racismo que se vivia à época nos Estados Unidos.

A obra em causa foi lavra de Leo Hurwitz (1909-1991), pioneiro do documentário, tantas vezes esquecido, mas bem destacado em aulas do nosso núcleo enquanto figura dos primórdios do documentário social norte-americano, fundador do departamento noticioso da CBS, vítima do McCarthismo (denunciado por Elia Kazan), primeiro realizador a desenvolver, anos antes da Drew Associates, aquilo que se veio a chamar “cinema directo” – registo observacional com sincronismo de imagem e som, captados com equipamentos portáteis – e principal responsável pela transmissão televisiva do famoso julgamento de Adolf Eichmann.

Em 2021 contam-se 30 anos do falecimento de Hurwitz, cujo entendimento e estudo da obra tem como lugar privilegiado o precioso “site” que o seu filho Thomas Hurwitz concebeu há apenas um ano: https://leohurwitz.com.

Do “site” destacamos a página dedicada ao envolvimento de Hurwitz com Fons Iannelli (um operador de câmara que acabaria por ser outro Judas de Hurwitz), de que veio a resultar “Emergency Ward” (1952), registado com o primeiro exemplo de um protótipo portátil de “sync-sound filming”, concebido por Iannelli. O dispositivo era composto por uma câmara Auricon de 16 mm, desenvolvida para entrevistas de rua em TV, que possuía registo interno de som na própria película (era a única câmara relativamente portátil com esta característica), um monopé (visto a câmara não ser propriamente leve), e um micro ligado a um gravador portátil de fita magnética para a captação áudio. Iannelli inventivamente ligava a câmara e o gravador à corrente eléctrica de forma a terem a mesma velocidade sincronizável de 60 Hz. O filme foi produzido para cativar investidores e produtores a apoiar as possibilidades desta nova abordagem, não sendo exibido publicamente. Algo que já veio a acontecer com o documentário seguinte de Hurwitz e Iannelli, “The Young Fighter” (1953), incluído no histórico programa televisivo de cariz cultural Omnibus, que na época passava na CBS. Um filme realizado por Hurwitz à distância (dirigiu Iannelli por telefone), onde se fez uso de uma arrojada técnica de exposição: a película era pré-exposta para a imagem ser mais clara.

https://leohurwitz.com/cinema-verite-and-the-young-fighter

 

“Emergency Ward”

https://vimeo.com/400748519

 

“The Young Fighter”

https://vimeo.com/420290822