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“PUNK PUNK” NA KISMIF: ONTEM NA CASA DA MÚSICA, DE 17 A 29/7 NA FLUP

Depois da exibição de “Punk Punk” ontem no Porto na Casa da Música, o filme de Jorge de Carvalho do KINO-DOC estará de 17 a 29 de Julho como instalação de vídeo na Sala de Reuniões II da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, ainda no âmbito da conferência internacional KISMIF.

 

Sobre o filme:

“Punk Punk” é um filme que interpreta uma cosmogonia dilatada do punk, que vai da sociedade humana, libérrima e sem classes, da pré-história às vésperas dos palavrões proferidos pelos Sex Pistols em directo na TV à hora do chá, corolário da dinamite antropológica que viera da América na mala de Malcolm McLaren. Dentro desse espectro temporal cabem ritmos de tribos ancestrais, a insubmissão dos escravos liderados por Espártaco, representações de bruxas e bruxos medievais, François Villon, Étienne de La Boétie, os Levellers, a Revolução Francesa e outras revoluções e revoltas, Kleist, Thoreau, Rimbaud, anarquistas, dadás e surrealistas, “street gangs”, Debord, letristas e situacionistas, a câmara livre de Jonas Mekas, a fábrica de Warhol, Günter Brus, a arte bruta de Dubuffet ou a música bruta dos proto-punks.

Segue-se depois o fantasma histórico do punk. A fúria niilista, a tenacidade ética, o inconformismo, a subversão, a criatividade visual e até o feminismo, que brotaram das vozes, guitarras e baterias dos punk rockers. Uma raiva que é uma energia, que vem do passado para altercar com o nosso presente formatado e assético. Pouco dado a rebeldias.

E porque irritam os constantes exercícios laudatórios dos documentários musicais, este filme mostra a subcultura libertária e positiva, mas igualmente o seu avesso abjecto, o punk intolerante e fascista.

A viagem foi orientada pelas cartografias de Jon Savage, Greil Marcus, Lester Bangs, Richard Meltzer, Greg Shaw, John Lydon, que também aparecere de muitas maneiras e feitios, inclusive com uma t-shirt trumpista (boa forma de questionar o “no future” que bradava), Helen McCookerybook, Richie Unterberger, Simon Reynolds (que também estará na KISMIF), Ian Svenonius e outros. Mas, como filme que se quer punk, não segue nada nem ninguém.

Por cortes e recortes foram destruídos registos históricos e enciclopédias. Geraram uma colagem em vídeo. Um “détournement” que tentará resgatar um espírito gregário já longínquo, com imagens e sons roubados sem vergonha.

 

Sobre a KISMIF:

www.kismifconference.com/pt